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Quem me dera ser só da cintura para cima!

  • Foto do escritor: Susana Meneses
    Susana Meneses
  • 22 de fev. de 2018
  • 3 min de leitura

Atualizado: 16 de abr. de 2018

E um mês se passou desde a cirurgia. A recuperação foi cumprida à risca. Finalmente podia dar início à minha reabilitação física. Quem me conhece bem deve imaginar os pulos que dei de felicidade. Se bem que esses pulos eram só fruto da minha imaginação. Quem me dera conseguir pular. Sou uma apaixonada pelo exercício físico e nesta fase da minha vida, não podia estar mais empolgada e focada em recuperar o que havia perdido: saúde, força, resistência e autonomia.


Foi no Porto, na clínica onde fazia os tratamentos de eletroacupuntura, que dei início à minha reabilitação com um profissional incrível e já explico o porquê do “incrível”. O plano seria avançar com o reforço muscular bilateral, mas mais focado no lado esquerdo do meu corpo porque era absurda a assimetria provocada pela perda de massa muscular e consequentemente a falta de força que tinha na perna esquerda. Não tenho fotografias que demonstrem essa assimetria, porque preferi não ficar com registos tão infelizes. Hoje arrependo-me de não as ter porque durante dois meses levei “tareias” de duas horas diárias, cinco vezes por semana e os resultados foram brilhantes. A assimetria já não era evidente a olho nu e consegui recuperar o meu peso normal.


Nesta luta interminável cruzei-me com todo o tipo de profissionais, uns melhores que outros. Foi crescendo uma amizade inesperada por alguns que me viam como doente e não como negócio. Sim, a saúde é um negócio como outro qualquer. Na realidade falo de desconhecidos que se dedicaram a 200% à minha recuperação, que queimaram os neurónios a arranjar estratégias anti-álgicas, para me darem conforto, etc. Falo de uma relação doente/profissional que só está ao alcance de alguns.


E é a este reabilitador, que tenho a agradecer todo o apoio, todas as dores musculares “boas”que tive após cada treino, toda a paciência por levar comigo lavada em lágrimas nos dias piores, toda a boa disposição que me transmitia, todas as gargalhadas que dei à conta da sua espontaneidade que ganhava outra dimensão pelo sotaque carregado à “Puorto”.


A relação era tão genuína que cheguei ao ponto de treinar ao som do grande êxito dos Gato Fedorento “Quem me dera ser só da cintura para cima”. Quem não conhece, convido a ouvi-la. Num tom de brincadeira era o que eu cantava. Ora, a dor na perna esquerda desaparecia, já não precisava de fletir a lombar, logo seria feliz. Simples, não? É bizarro e no mínimo disparatado, mas se não tivermos a mente mais forte que o corpo afundamos na depressão.


Mas tinha que haver um “mas”.

Durante o exercício físico, curiosamente tinha muito menos dores lombares e na perna esquerda, mas exercícios que exigiam fazer a báscula da bacia, como é o caso dos agachamentos, intensificavam a dor na nádega, virilha e articulação sacroilíaca esquerdas. Seria o piriforme novamente o responsável pela dor que sentia? Foi então que avancei com um procedimento mais invasivo: uma infiltração de botox no piriforme.


A toxina botulínica, mais conhecida como "botox", não é mais do que uma das mais potentes toxinas bacterianas conhecidas. Na sua forma inativada tem ação terapêutica no tratamento de inúmeras síndromes dolorosas como dor lombar crónica, síndrome do piriforme, dor miofascial, entre outras. O objetivo na infiltração muscular desta toxina, seria enfraquecer a musculatura dolorosa (no meu caso, o piriforme), interrompendo o ciclo espasmo-dor, com diminuição da contratura sem ocasionar paralisia completa. Desta forma, o alívio da dor e da contratura iriam permitir retomar à reabilitação. A ação da toxina botulínica no músculo esquelético tem início entre 2 a 5 dias após a infiltração e pode perdurar até 6 meses. No meu caso, foi só mais uma tentativa na luta contra a dor, porque não obtive qualquer melhoria após o procedimento.


Por mais reforço muscular que fizesse combinado com os tratamentos de eletroacupuntura que mantinha no pós-treino para reduzir a dor, a dor na sacroilíaca e a incapacidade em estar de pé mais de dez minutos, levaram a que se ponderasse um novo diagnóstico: sacroileíte. E mais uma ida ao bloco esperava-me.


 
 
 

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