
Sobre mim
Quero partilhar na primeira pessoa o que é viver com dor crónica: uma dor questionável, julgada e anónima. Uma dor que vai deixando a cada segundo que passa um vinco marcado, cada vez mais pronunciado, cada vez mais difícil de disfarçar. Uma condição que assume uma imensa carga derrotista, pelas respostas que teimam em não surgir numa busca constante e exaustiva. E dezasseis meses se passaram e as respostas às questões colocadas permanecem em branco.
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E é com este testemunho que pretendo conseguir de alguma forma ajudar alguém, que se vê destinado a viver nesta condição, com o rótulo de “psiquiátrico” aos olhos da sociedade dita qualificada em que vivemos e possa contornar o problema e encontrar a solução para recuperar a 100% ou bem perto disso, a qualidade de vida a que todos temos direito enquanto seres humanos.
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Chamo-me Susana, tenho 29 anos, sou natural do Porto e sou enfermeira. Esta aventura começou com 27 anos. Atrevo-me a dizer, numa idade em que ninguém, ativo pessoal e profissionalmente, imagina que a sua condição física de repente possa destruir sonhos, ambições e projetos de vida.
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“Avaliar a dor apenas pela sua intensidade é como descrever a música unicamente pelo seu volume” Dr. Carl Van Bayer. E é desta forma que dou por mim a lutar contra este constante julgamento aos olhos de quem nos trata, de quem vive connosco, até mesmo da percepção que temos de nós próprios e por momentos, muitos mesmo, chegamos a duvidar do que realmente sentimos: será tanta essa dor que sinto diariamente e a toda a hora? Será fruto na minha imaginação a incapacidade que sinto? O que me fez entrar neste ciclo vicioso e doloroso se já tinha experimentado antes o que é viver livre e sem sofrimento? Dá que pensar, é verdade, e ainda mais quando na minha vida profissional lido com a dor do outro bem de perto.
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